Pela literatura dos outros

Nelson Alexandre entrou em pânico. O dia do lançamento do livro estava chegando e nada da editora Multifoco enviar os exemplares de sua primeira obra de contos, "Paridos e Rejeitados".

Para piorar a situação, ninguém atendia o telefone na editora, ninguém dava qualquer sinal -onde foram para os tais livros? , e ele teve de apelar à rede social. Caçou os editores na internet e indagou sobre o paradeiro dos 30 exemplares.

"Eu já estava colocando os bofes para fora. Achei que os caras tinham me passado o pé", conta, com uma gargalhada aliviada, Nelson Alexandre, 36 anos.

Os livros chegam hoje pela manhã na rodoviária e à noite estarão à venda no Sesc, a partir das 20h, quando o autor participa de uma mesa-redonda e sessão de autógrafos.

Nelson vai falar da própria literatura, do livro de contos, mas faz questão de aproveitar a exposição - "Você acredita que até dei entrevista para uma emissora de TV?" - para falar de novos escritores, todos ainda desconhecidos do grande público.

"Quero aproveitar o para falar da literatura maringaense. Tem coisa muito boa sendo produzida aqui, sabe? Marcos Peres, Michel Roberto de Souza, Michel Queiroz, Bruninho (Bruno Vicentini), você, o Wilame... há uma safra de bons escritores maringaenses. Quero que todos apareçam na foto", ameaça.

Para o maringaense, há um descaso local com relação à produção literária da cidade. Ele lembra que já tentou, sem sucesso, emplacar seus livros em pequenas editoras da região.

"Eu e Wilame Prado fomos publicados por uma editora do Rio de Janeiro. A Ana Guadalupe lançou, também, pelo Rio (7Letras). Ninguém foi publicado por aqui", diz.

Formado em Letras pela UEM, o maringaense aponta uma característica em comum com uma série de novos escritores maringaenses. "Estão todos dando vida à cidade. É um olhar maringaense de dentro para dentro, não de fora para dentro", avalia.

http://www.odiario.com/dmais/noticia/582354/pela-literatura-dos-outros/