Imprimir

Novo vazamento é a tônica da reta final da campanha

Reportagem da revista Veja sugere que Dilma e Lula sabiam dos desvios na Petrobrás
Presidente ingressa com sete ações na Justiça; Aécio defende apuração das denúncias

Dentre as sete ações que a presidente Dilma Rousseff vai ingressar na Justiça contra a revista Veja, por tê-la acusado de ter conhecimento das irregularidades ocorridas na Petrobrás, investigadas pela Polícia Federal, uma delas será cível, como pessoa física, por calúnia e difamação exigindo indenização. "Eu, Dilma, vou entrar com uma ação. Ninguém diz que sou isso e fica, por isso, mesmo. Não tem como. Ninguém me envolve em uma denúncia destas sem provar o que diz. Não admito. Vou até as últimas consequências", desabafou, inconformada.

A ideia é entrar com ações, a partir de segunda-feira. Até a noite de ontem, nenhuma das ações estava sendo impetrada por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), mas sim, pelo Partido dos Trabalhadores.

Após tomar conhecimento das acusações, Dilma e o marqueteiro João Santana decidiram que o fato merecia uma resposta. A presidente, então, usou o horário eleitoral gratuito, de ontem, para se defender. Ela classificou a iniciativa da revista de "terrorismo eleitoral", que "excedeu todos os limites".

Nas redes sociais, Dilma também partiu para o ataque. No perfil que mantém no Twitter, postou que a "Veja fracassará no intento criminoso, ela não ficará impune. A Justiça livre desse País vai condená-la por esse crime". "A Veja comete esta barbaridade contra mim e contra o presidente Lula sem apresentar a mínima prova. Isso é um absurdo, é um crime", diz outro tuíte.

No Facebook, o perfil de Dilma destacou a ação de internautas que fizeram memes e ridicularizaram capas da Veja.

Ontem, a presidente dedicou o dia para se preparar para o debate, realizado à noite, pela TV Globo.


INDIGNAÇÃO. Dilma considerou reportagem da Veja "terrorismo eleitoral". —FOTO: CARLO WREDE/AE


GRAVIDADE. Aécio defende ações efetivas para um rápido esclarecimento dos fatos. —FOTO: WILTON JUNIOR/AE


A coligação do candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) à Presidência da República, Aécio Neves, divulgou nota, ontem à tarde, defendendo que seja apurado na Procuradoria-Geral da República (PGR) o conteúdo do depoimento do doleiro Alberto Youssef à Justiça Federal. Segundo a revista Veja, Youssef declarou que a presidente Dilma Rousseff e o antecessor dela, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sabiam do esquema de corrupção montado na Petrobrás.

Assinada pelo coordenador jurídico da campanha tucana, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), a nota diz que as informações são "extremamente graves" e exigem "ações efetivas para uma rápida e eficaz investigação dos fatos".

"Não só a normalidade das eleições é colocada sob suspeita quando se aponta a possibilidade de uma campanha eleitoral ser irrigada com milhões de reais de origem ilícita, mas, também, e principalmente, a legitimidade dos Poderes constituídos e da democracia brasileira", diz o texto da nota conjunta que inclui DEM, PSDB, PPS, Solidariedade e o PSB.

A coligação ressalta que encaminhou uma representação junto à PGR pedindo o aprofundamento das informações prestadas pelo doleiro "para fins de se apurar a prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro, prevaricação e formação de quadrilha ou bando (associação criminosa), dentre outros."

Na avaliação dos partidos aliados do tucano, a "excepcionalidade dos fatos" pede que a apuração se realize com prioridade. "Neste momento, é preciso que a Polícia Federal, o Ministério Público e o Congresso Nacional cumpram seus papéis institucionais", finaliza o texto.

Na economia, propostas vão para lados opostos

Enquanto os programas de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) convergem na manutenção de programas sociais, os rumos da economia e segurança caminham para lados opostos.

No programa econômico, o senador mineiro propõe reajustar as contas do governo, em 2015. Já a candidata à reeleição adia a solução do problema, temendo reduzir ainda mais o crescimento do País e aumentar o desemprego. Doutor em Economia, Neio Lúcio Peres Gualda, professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), argumenta que diante do cenário econômico atual, com inflação acima do teto da meta, de 4,5%, pequeno crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e contas externas negativas, os ajustes são necessários.

De acordo com ele, pelas propostas do tucano, o ajuste será imediato e o ano que vem será difícil para a economia, porque será preciso reequilibrar as contas públicas. "Dilma vai fazer reajuste mais lento e 2015 não será um ano de aperto, mas como ela posterga (a solução), teremos o cenário difícil atual praticamente pelos dois anos seguintes", destaca.

Gualda ressalta que, em uma vitória do PT, os rumos da economia brasileira vão depender de como Estados Unidos, China e Europa vão se comportar. Se lá fora houver recuperação, o Brasil será favorecido. "Como os reajustes não serão rigorosos, vai ampliar a desconfiança do mercado financeiro", acrescenta.

No caso de um governo tucano, o primeiro ano terá taxas de juros altas e enfraquecimento do comércio internacional, condições necessárias para o País voltar a crescer nos anos seguintes. /// Carla Guedes

TOFFOLI CRITICA MARKETING
Às vésperas da eleição, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Dias Toffoli, diz que o marketing político foi "supervalorizado" nesta campanha, deixando de lado assuntos de interesse do País como economia, segurança pública e política externa. O marketing começa a prevalecer cada vez mais sobre o conteúdo, entende o ministro.

 

http://digital.odiario.com/zoom/noticia/1218010/novo-vazamento-e-a-tonica-da-reta-final-da-campanha/