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Índice de reprovação no médio cresce a cada ano

A taxa apontada pelo Qedu em 2010, foi de 15,8%. No ano passado, saltou para 19,2%
Já no primeiro cliclo do ensino fundamental em Maringá, o índice é três vezes menor: 6,5%

O índice de reprovação no ensino médio nas escolas estaduais de Maringá cresce a cada ano. Em 2010, a taxa era de 15,8%, em 2011 passou para 18%, em 2012 foi para 18,30% e 2013 fechou com 19,2%. Os dados são da plataforma Qedu, um portal que compila os índices de referência em educação em todo o Brasil. No comparativo entre oitos cidades, o desempenho de Maringá é o pior. Astorga (a 45 km de Maringá) obteve o menor índice de reprovação, de 14%.

Já no âmbito municipal essa marca é de 6,5% em 2013, no ensino fundamental, de 1ª a 5ª série. O número é mais baixo que o de 2012, quando a cidade obteve 8,6%.

Para educadores, o desafio de sempre reduzir o índice de reprovação está em tornar a escola mais atrativa aos jovens, uma vez que a concorrência externa é cada vez maior. "O aluno precisa se sentir pertencente à escola. Uma das ações é o desenvolvimento de projetos que o envolva. A gente sempre procura também fazer reuniões com os pais, já que o apoio da família é fundamental", disse o diretor Rogério Alves da Silva, do Colégio Estadual Tânia Varella, no cConjunto Guaiapó, região norte da cidade. Na instituição em que ele trabalha, o índice de reprovação foi de 22,8%, em 2013, e o de abandono chegou a pouco mais de 7%.

Mas de acordo com profissionais da área da educação, atribuir a apenas um fator ao aumento não é o melhor caminho. "São muitas variáveis. Muitas vezes, o investimento errado na área da educação. Há recursos, mas a burocratização no País impede que esse recurso seja aplicado no ponto certo. Também pode ser a falta de comprometimento de alguns professores e a desagregação familiar. Se o aluno não tem esse vínculo, o mundo fora da escola pode ser mais atraente para ele", avaliou o diretor Assis Boff do Colégio Tancredo Neves, também na zona norte da cidade.

Para tentar romper essas barreiras já conhecidas, Boff aposta em interação e atividades que vão além da sala de aula. "Aqui, por exemplo, procuramos sempre realizar ações educativas fora de classe. O aluno gosta disso. O nosso objetivo é fazer com que ele aprenda, mas que sinta bem ao vir para o colégio", completou. No Tancredo, o índice de reprovação foi de 15,2% no ano passado.

Outras ações
Segundo o Núcleo Regional de Educação (NRE) de Maringá, o trabalho para melhorar a qualidade do ensino é constante. Proximidade com as escolas, professores e a comunidade, além de avaliações frequentes são apenas algumas ações desencadeadas pelos coordenadores e técnicos da Secretaria Estadual de Educação, segundo o órgão. "Dentre essas estratégias está o Plano de Ações Descentralizadas (PAD). Técnicos do Núcleo vão à escola para ouvir e estabelecer um plano de ação que a escola construiu. Esse plano é trabalhado dentro da escola cinco em dimensões: acesso e permanência, instâncias, gestão democrática, prática pedagógica, comunidade escolar. O plano vem para gente e acompanhamos", destacou a coordenadora pedagógica do NRE, Célia Maria Faccin. Ainda conforme a coordenadora, outra medida é a atualização constante dos professores. "O núcleo oferece cursos e acompanha de perto a realidade dos professores", enfatizou.


ESCOLA MUNICIPAL. Entre as oitos cidades verificadas no levantamento, Maringá tem o sexto maior índice de reprovação de 1ª a 5ª série do ensino fundamental, em 2013. —FOTO: ARQUIVO

TRÊS PERGUNTAS AO PROFESSOR... RAYMUNDO DE LIMA

'A formação do professor precisa sofrer uma mudança radical'

Para o professor Raymundo de Lima, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que é doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), a discussão sobre o tema precisa ser mais investigada. Uma das defesas é que a formação do professor "precisa sofrer uma radical transformação, para ser mais eficiente". Outra ação defendida pelo professor também está no monitoramento do que é feito em sala de aula para saber "se o professor está sabendo ensinar tal conteúdo, está obtendo bons resultados..."

1 Em média, o índice de reprovação no ensino médio nas cidades de região ficou em 20%. Esse índice pode ser considerado aceitável? Assim como no passado recente, não podíamos aceitar ter 10% ou 20%, ou mesmo uma só criança fora da escola, também hoje não podemos aceitar como normal o índice de 20% de reprovação no ensino médio. Muito menos ainda podemos aceitar este elevado índice na nossa região, considerada economicamente desenvolvida. Deveríamos sentir vergonha. Desde o primeiro Ideb, Maringá apontava um baixo índice de aprendizagem. Lembro-me que Ivatuba tirou nota 6,0, enquanto que Maringá ficava na metade.

2 Já nas escolas municipais, esse índice oscilou nas oito cidades pesquisadas entre 0,3% e 10,7%. Há uma justificativa para essa diferença?

Tenho duas suspeitas para estes números: ou as escolas municipais possivelmente são mais e melhor monitoradas pelos gestores e pedagogas do que as escolas estaduais ou os pais acompanham com mais interesse seus filhos quando pequenos, no ensino fundamental. Assim, o monitoramento de ambos provavelmente resulta nesta diferença significativa. Mas é preciso fazer uma investigação mais cuidadosa.

3 Como deve ser a atuação da família para evitar que o filho reprove de ano na escola?

Muitos pais (equivocados) se desresponsabilizam de educar, porque entendem ser este o trabalho da escola. Existe também aqueles pais egoístas, que estão mais ocupados com sua sobrevivência profissional, ou investir nos estudos e melhor rendimento econômico.

Os pais se interessam mais em acompanhar os filhos no ensino fundamental e, gradativamente, vão se desresponsabilizando da sua função de co-autores da educação dos filhos. Até porque os filhos pubescentes e adolescentes hoje pouco gostam de interagir com os pais.

PRIMEIRA A QUINTA SÉRIE

Dentre as escolas municipais com a educação básica, o índice de reprovação é mais baixo em todos os municípios observados em relação ao ensino médio. De acordo com a plataforma Qedu, essa média em Maringá e região oscila entre 6% e 10%. Segundo educadores, o perfil do aluno, crianças entre 6 e 11 anos, colabora para isso.

Mas, apesar do índice mais baixo, a procura é pela redução. "Para isso, é sempre importante a presença da família. Mesmo a educação infantil mudou bastante e esse acompanhamento familiar na educação se faz necessário", disse a secretária de Educação de Marialva (a 20 km de Maringá), Maria Inês Benites Bria. A cidade teve um índice de reprovação de 9,8%.

Para a secretária de Educação de Sarandi, Adriana de Oliveira Chaves Palmieri, a proximidade do Executivo com a escola é outro fator que colabora para um índice mais baixo no comparativo com escolas estaduais. "Estamos constantemente em contato com professores, com as escolas e a comunidade. O perfil da educação de uma forma geral mudou e o professor precisa também ter uma visão diferente", completou.

Em Sarandi, o índice de reprovação, ano passado, foi de 10,7%, grande parte, segundo a secretária, por causa de um número elevado de faltas. "É um problema ainda. Temos um índice relativamente alto de alunos que faltam, ou seja, é preciso também um comprometimento da família", pontuou Adriana.
/// Leonardo Filho

http://digital.odiario.com/zoom/noticia/1233070/aumenta-reprovacao-no-ensino-medio/