Imprimir

Xilogravura é herança cultural da Família Lara

Exposição Xilógrafos fica em cartaz, com entrada gratuita, até 30 de janeiro no hall da Acim
Mostra reúne onze xilogravuras desenvolvidas em curso de extensão da UEM ministrado por Leonil Lara

É milenar a arte da xilogravura. Mas andava um tanto esquecida por aqui em Maringá. O multi-artista Leonil Lara, 69, pioneiro das artes na cidade, resolveu inverter esta situação. Inaugurou em março deste ano um curso de extensão na UEM de xilogravura, reuniu uma boa turma e surpreendeu a todos já no primeiro dia de aula, quando encenou o seu poema "Xilo da Velha Gravada" (leia um trecho nesta página), alimentando a imaginação dos participantes para iniciarem seus primeiros passos na arte que xilógrafos - em especial aqui no Brasil - desenvolvem há décadas dando formas, cores e vida imaginária ao Sertão brasileiro.

O resultado pode ser visto até 30 de janeiro, gratuitamente, no hall da Acim, na Zona 1 de Maringá. No local, a exposição Xilógrafos reúne as xilografias de onze participantes do curso, incluindo trabalhos de Janaiçara Lara, 41, Tait e Pedro Lara Tait, 14 - respectivamente filha e neto de Leonil Lara.

"Meu pai não queria que a xilogravura caísse no esquecimento, por isso propôs o curso para a comunidade. E fez questão que toda a família também entendesse esse rico universo que envolve a a técnica de gravura que utiliza a madeira para a reprodução da imagem gravada."

Jainaçara conta que, em Xilógrafos, o público encontra uma exposição temática e que dialoga com o cotidiana de uma mulher e de um homem nordestinos cercados pela miséria, pela falta de água e estereótipos acerca do folclore nordestino.

CRIE
CURSO DE XILOGRAVURA
Entre janeiro e fevereiro do ano que vem, serão abertas inscrições para novas turmas para o curso de Leonil Lara
Inf.: (44) 3011-4380


DESENHO. Janaiçara e Pedro Lara têm obras na exposição Xilógrafos, motivada por Leonil Lara, pai dela e avô dele —FOTO:J.C FRAGOSO

ISTO É LEONIL LARA

No sertão da Paraíba
Enfrentei onça pintada
Dei tapa em jacaré
Amanheci de cara inchada.

Nas bandas da Paraíba
Tinha uma veia engraçada
Mas parecia uma guaíba
Êta veia desengonçada.

Porém eram tantas coisas mil
Que na noite de sexta-feira a velha
malfadada
Dava tiro de espingarda
Pra matar a macacada

*Trecho do poema
"Xilo da Velha Gravada", de Leonil Lara; o poema motivou a organização da mostra Xilógrafos, em exposição na Acim até
30 de janeiro.


TRAÇO E PALAVRA. Leonil Lara, durante curso de xilogravura na UEM: poema do artista motivou a mostra. —FOTO: ARQUIVO PESSOAL

GILVAN SAMICO SE FOI EM 2013

No dia 25 de novembro do ano passado, morreu no Recife, aos 85 anos, o artista plástico Gilvan Samico, que sofria de câncer na bexiga. Samico, que morava e mantinha um ateliê em Olinda, foi pintor, desenhista, professor e gravador.

Ele ficou conhecido principalmente pelas xilogravuras, quando passou a integrar o Movimento Armorial, com Ariano Suassuna. O traço preciso, que misturava luzes e texturas, foi notado logo em início de carreira, nos anos 1950.

Em 1957, 1958 e 1960 foi premiado no XVI Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco. Samico deixou o Recife para estudar xilogravura com Lívio Abramo, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e gravura com Oswaldo Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

No legado, destaca-se o importante papel do artista no romanceiro popular nordestino, pelo qual eternizou em gravuras personagens bíblicos, lendas, narrativas locais e animais fantásticos e míticos, como serpentes e dragões. /// WP


ARMORIAL. Gilvan Samico em meio às suas obras. —FOTO: DIVULGAÇÃO

 

http://digital.odiario.com/cultura/noticia/1246956/xilogravura-e-heranca-cultural-da-familia-lara/