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O estigma Santa Felicidade

Webdocumentário retrata os habitantes do bairro Santa Felicidade, e traz "tour virtual" em site
Realização de projeto foi requisito para conclusão do curso de Comunicação e Multimeios da UEM

O recém-formado no curso de comunicação e multimeios da UEM Lincoln Copceski produziu um webdocumentário, como um dos requisitos para a sua conclusão de curso. Engajado em questões sociais relacionadas à vida nas cidades, Copceski acompanhou eventos e projetos do bairro s e também colheu depoimentos de pessoas da comunidade. O webdocumentário não é algo linear como um videodocumentário por exemplo (leia nesta página), dando um pouco mais de liberdade para o espectador acompanhar da maneira que quiser os vídeos da produção.

O site parte de três matrizes: "O Bairro" em que o espectador pode ver a realocação das famílias e também fazer um "web passeio" pelo bairro, "Afirmação" em que é possível assistir diversos projetos do bairro (as vertentes "lutando", "costurando", "Praça Zumbi dos Palmares" e "Centro Cultural Jhamayka") e por fim, "As Pessoas", com três depoimentos de moradores do bairro, Dona Rita, Gabriel e Ferrugem.

O Santa Felicidade é extremamente estigmatizado na cidade, e o documentário procurou mostrar em sua grande maioria, o lado positivo do bairro para bater de frente com os preconceitos sobre a comunidade. "Existe a importância de uma reconstrução histórica, que vem para mudar a imagem do bairro que era muito prejudicada" comentou Copceski sobre a importância de um material documental que crie interação entre a comunidade e o público espectador.

Não-linear
Lincoln Copceski já apresentou para os moradores entrevistados o material que fez, e apesar do desejo de uma apresentação em grande escala para a comunidade, o tipo da narrativa não linear do webdocumentário, embora facilite a interatividade , dificulta a exibição massiva.

Diogo da Silva acompanhou Copceski, auxiliando em algumas filmagens que demandavam tomadas em mais de um ângulo. "Foi muito importante para minha experiência própria e acadêmica, foi algo que agregou muito em minha vida." Comentou Silva sobre sua vivência no bairro e suas impressões.

Por ser um documentário que puxa muito para o lado positivo, a reportagem perguntou a Copceski se não temia que seu trabalho fosse considerado um institucional. Disse que essa não era uma preocupação sua, já que, por ser um produtor feito para para a web, o internauta pode facilmente encontrar na rede contrapontos ao que ele mostra.

Copcelski fala do depoimento de Gabriel, que, em sua fala, descreve como a comunidade cresceu, ou seja, o enfoque principal do ausdiovisual não é meramente um olhar positivo da comunidade e sim como ela se reergueu.

O documentário, finalizado há cerca de um mês, está disponível no site www.webdocsantafelicidade.com.br . Copceski pretende seguir na área .


COM A MÃO NA MASSA. Lincoln Copceski, na produção do seu webdocumentário —FOTO: PAULO BAHIA

O olhar técnico do professor

O projeto de Lincoln Copceski foi orientado pelo docente Tiago Franklin Lucena, que também conversou com a reportagem do Diário, esclarecendo alguns pontos de vista técnicos acerca do webdocumentário .

A primeira indagação foi sobre a diferença do documentário convencional em vídeo com o webdocumentário (além da plataforma, é claro). Lucena responde que a principal diferença é a linguagem, tendo em vista que no documentário convencional tudo é muito bem definido: tem um começo, um meio e um fim, enquanto na plataforma online, existe uma fragmentação em raízes que propiciam ao espectador uma maior liberdade sobre que rumo tomar dentro do documentário, de acordo com seu interesse.

Outro aspecto é que na linguagem audiovisual tradicional, criam-se elementos para fisgar o espectador para que ele assista ao documentário até o fim, enquanto na web tudo é mais aberto, com vídeos mais soltos para que se tenha mais liberdade, utilizando sempre de ferramentas como hipertextos e hiperlinks.

Lucena conta ainda que muitos cuidados que foram tomados para que o espectador assista o webdocumentário na íntegra: "O desafio é manter uma interface em que a pessoa que estiver assistindo, saiba que aquilo faz parte do projeto" comenta. Para o orientador , não é interessante fazer um webdocumentário pequeno ou com trechos de videos pequenos, "o interessante é que ele seja realmente aberto, de uma forma que, bastando ver alguns trechos, já se sabe do que se trata."

Lucena frisa que o trabalho foi feito com um orçamento baixíssimo, quase que beirando a zero, por isso houve algumas limitações, como a não-captação de imagens no período noturno. Ele parabenizou o empenho dos alunos Lincoln Copceski e Diogo da Silva.


ORIENTADOR. Tiago Lucena, o orientador do webdocumentário: linguagem faz a diferença —FOTO: DIVULGAÇÃO

 

 

http://digital.odiario.com/cultura/noticia/1262473/o-estigma-santa-felicidade/