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UEM precisa de R$ 150 mi para concluir obras paradas

Universidade tem, no campus central, de outras cidades e no Hopsital Universitário, 40 obras paralisadas

Reitoria tem aberto procedimentos para apurar suituação e cobrar providências


Para concluir cerca de 40 obras inacabadas no campus sede e em outros municípios, as mais antigas iniciadas em 2008, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) precisaria de R$ 150 milhões. O valor é equivalente a 30% do que é gasto anualmente com a folha salarial da universidade. Pelo menos 20 obras são consideradas de grande porte - centro de eventos, salas de aula e laboratórios. Outras sequer aparecem no levantamento obtido com exclusividade pela reportagem de O Diário (veja quadro) ou são do Hospital Universitário. Além de pequenas e grandes intervenções, o valor total inclui a compra de equipamentos para os blocos e setores da instituição.
A reitoria determinou a realização de um estudo sobre a situação das obras inacabadas para publicação no Portal da Transparência. A intenção é cumprir a lei de licitaçãoes, ou seja, entrar com processos administrativos para que sejam feitas as análises físicas e financeiras, além dos apontamentos de responsabilidades das construtoras e da própria UEM - a fim de começar a reduzir as obras inacabadas. Nos últimos meses foram abertos oito procedimentos pela instituição para responsabilizar empresas que teriam descumprido contratos e abandonado obras.
O primeiro processo administrativo a ter resultado foi concluído na última semana e publicado no Diário Oficial do Estado do Paraná. A universidade solicitou, ao final do procedimento, o ressarcimento de R$ 49,2 mil pela cobrança de serviços não realizados e aplicou multa de R$ 72,9 mil à empresa Viemelo Prestadora de Serviços Ltda, que venceu licitação em 2012 para a construção de um bloco no campus de Ivaiporã - de 1,14 mil metros quadrados ao custo de R$ 712,1 mil.
O prazo para a empresa apresentar recurso termina nesta semana. A reportagem tentou contato com proprietários da empresa, mas ninguém foi localizado. Em fevereiro deste ano, quando o processo foi instaurado, a empresa foi procurada no endereço citado nos autos, mas a informação obtida no local era de que há mais de um ano a construtora não ocupava o prédio.
Se o recurso da empresa não for acatado, a instituição irá oficiar os responsáveis a fazer o pagamento da multa e o ressarcimento dos valores. Caso não haja acordo na esfera administrativa, a universidade vai ingressar com ação judicial para realizar a cobrança. Além dos sete procedimentos em andamento, o reitor da UEM, Mauro Baesso, conta que nas próximas semanas serão abertos mais nove procedimentos para verificar pendências em obras abandonadas.
“Há um problema instalado e não temos que culpar administrações anteriores. Estamos trabalhando para corrigir”, afirma. Fazer o que o reitor classifica como “a coisa certa” também implica em alguns problemas. Um é que os procedimentos podem se arrastar por meses - ou anos no caso de ações judiciais. Outro é que há casos em que o recurso para a conclusão não está mais disponível.

Problema antigo


Aumento de cursos, crises financeiras, problemas com construtoras e decisões administrativas, de 2000 para cá, compõem um resumo dos fatores que levaram à situação atual com a universidade repleta de “esqueletos de blocos”. Em meados de 2005, quando começou a existir investimento do governo estadual em infraestrutura, a UEM já enfrentava problemas de falta de blocos devido ao aumento dos cursos de graduação em anos anteriores.
Quando os recursos foram liberados, a decisão do Conselho de Administração (CAD) na época foi de contemplar mais áreas de ensino e iniciar diversas obras de uma vez para que fossem concluídas por etapas. “Era um entendimento de que seria também uma forma de pressionar o governo a continuar liberando recursos depois”, explica o reitor.
Baesso diz ainda que por um período a ideia funcionou, visto que pelo menos seis blocos foram concluídos por meio desse mecanismo (E90, J35, J45, K68, K80e H78). “Isso funcionou no começo, mas com a crise econômica a partir de 2008 os recursos não vieram no mesmo volume ou sequer vieram”, relembra.
No ano passado, por exemplo, foram apenas R$ 300 mil para investimentos liberados pelo governo estadual - que foram utilizados para a correção de um problema elétrico no campus de Cianorte. Já na gestão Beto Richa, também devido a problemas financeiros, ocorreram diversos atrasos de pagamentos a construtoras, o que dificultou a relação e conclusão das obras.
“A regra agora é de que só será retomada uma obra se tivermos o recursos para concluir e colocar em funcionamento”, garante o reitor. Segundo ele, conseguir os R$ 150 milhões não é algo impossível, especialmente se for feito aos poucos. Baesso revela que cerca de R$ 11 milhões estão garantidos para a conclusão de quatro prédios (em Ivaiporã, no HU, além de blocos da Educação Física e Odontologia).
Há ainda a expectativa de conseguir outros R$ 8 milhões (neste e no próximo ano) que seriam aplicados na conclusão dos blocos I24, I46 e B12, no campus sede, e o bloco das engenharias em Umuarama. “São prédios mais próximos de ter uma retomada porque falta em média pouco mais de R$ 1 milhão para cada”, explica.
Na avaliação do reitor, a conclusão dessas obras desafogaria o problema de falta de salas de aula. Outra obra com previsão para ser retomada em breve é a do Centro de Eventos (M40), a maior e mais cara em andamento. No local, já foram investidos cerca de R$ 4,6 milhões. O custo total deverá ser de R$ 7 milhões.

SITUAÇÃO. O Bloco I 24, de Ciências Humanas, é uma das obras paradas com chance de ter trabalho concluído em breve. —FOTO: JOÃO PAULO SANTOS

http://maringa.odiario.com/maringa/2016/07/uem-precisa-de-r$-150-mi-para-concluir-obras-paradas/2208145/