De janeiro a julho deste ano, faturamento do setor, no Pais, cresce 7,9%, em relação ao mesmo período de 2015, enquanto o número de unidades em atividade contabiliza alta de 9,6%, na mesma base de comparação
No primeiro semestre de 2016, o faturamento do setor de franquias cresceu 7,9%, enquanto o número de unidades contabilizou alta de 9,6%. Os dados são da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Em relação ao ano passado, o índice de expansão foi de 3,6%, em quantidade de lojas, totalizando 143.866 novas empresas. A variação do número de estabelecimentos, no período, representou a abertura de 2.612 operações, no Brasil.
O cenário otimista aumenta a sensação de que a franquia é uma opção menos arriscada para empreendedores novatos, entretanto, administrar uma empresa do setor pode ser tão ou mais desafiador do que abrir um negócio por conta própria. No franchising, já existem parâmetros e metas. Além disso, é preciso priorizar as ações em médio e longo prazos."Quem cresce a qualquer custo, normalmente, recebe uma conta cara no futuro", destaca Flávio Imamura, fundador e fraqueador de uma agência de intercâmbio de estudantes.
Via de mão dupla
Não é só o investidor que escolhe a franquia, o franqueador também avalia e pode não aprovar o candidato, de acordo com o perfil de franqueado que tem em mente. Nem todo mundo tem vocação empreendedora, ainda que possa desenvolvê-la. Então, é preciso estar bem preparado para minimizar os riscos.
Assim como é necessário se capacitar para ter uma profissão, o empreendedor deve conhecer o mercado e o sistema de franquia para que possa enfrentar situações adversas e assumir, com competência, os riscos do negócio. Muitos se iludem, porque têm dinheiro para começar, mas esperam ter lucro em curto prazo. Quando isso não ocorre, a reserva financeira termina e eles acabam por fechar as portas.
Características
O perfil ideal de franqueado requer um
empreendedor, com habilidades de gestão, liderança e alto índice de
inteligência emocional. A forma como o futuro empresário administra os
problemas também ajuda a antecipar se ele terá o jogo de cintura
necessário para assumir um negócio próprio. A inteligência emocional é
mais importante que a experiência técnica, porque, de executor, o
indivíduo vai passar a gestor de todos os processos que envolvem o
negócio.
Ao assumir a empresa, o franqueado será o maior responsável por atender os interesses de funcionários e clientes, dar atenção a todos e ser flexível para responder às necessidades de cada grupo. Mesmo para quem tem experiência administrativa, novas habilidades serão requeridas. Tais como facilidade de comunicação e poder de persuasão. "O franqueado deve ser seguro, autoconfiante e capaz de transmitir tranquilidade aos que estão ao seu redor, sobretudo em momentos desfavoráveis ou de conflito", destaca Imamura.
Responsabilidades
O franqueado assume os papéis de líder e de
gestor, ao mesmo tempo. Enquanto líder, o proprietário é aquele que
inspira e motiva a equipe, faz cobranças, na hora certa, celebra bons
resultados, e reavalia as estratégias quando algo não sai como
planejado. Perfis centralizadores, desconfiados e introvertidos costumam
ter dificuldades para comandar uma unidade franqueada.
Enquanto gestor, o franqueado terá de acompanhar, de perto, todos os processos da empresa. Deve ser muito organizado, manter tudo em ordem e dentro dos prazos estabelecidos. "Caso não tenha essa habilidade, dificilmente conseguirá conciliar todas as tarefas que uma unidade de franquia demanda", afirma Imamura.
Antes de fechar o contrato para uma nova franquia da empresa dele, Imamura promove uma espécie de "teste prático". A ideia é que a pessoa saiba o que cada elemento da empresa precisa fazer. "Se o candidato se negar a executar determinadas tarefas é sinal de que pode não estar maduro o suficiente para encarar todos os desafios que terá pela frente", acrescenta.
Em outras palavras, antes de investir as economias de uma vida em um sonho, estude a si mesmo, procure informação e meios de desenvolver as habilidades exigidas pelo segmento.
DESTAQUE
As franquias com maior crescimento, no segundo trimestre,
em relação a igual período de 2015, foram das áreas de Esporte, Saúde,
Beleza e Lazer (15%), Acessórios Pessoais e Calçados (10%), Negócios,
Serviços e Outros Varejos (10%), Lavanderia, Limpeza e Conservação (9%) e
Serviços Automotivos (9%). Fonte: ABF
Franquia confiada no milho
Com restaurantes, bares, botecos, padarias e até açougue que na noite vira um dos points mais frequentados da cidade oferecendo espetinhos regados a cerveja, chope e duplas sertanejas, a Rua Paranaguá - continuação da Avenida Paraná - tem apenas quatro quarteirões, mas é um dos trechos mais gourmets de Maringá.
Com a base da clientela formada por estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que ocupam as centenas de kitnets, apartamentos e repúblicas da Zona 7, desde o ano passado a rua passou a estampar fachadas de marcas conhecidas, como Subway, Gela Boca e Pamonhas do Cezar, todas franquias, apesar da decantada crise.
"A franquia da Pamonhas do Cezar é resultado de um sonho de minha namorada, que, apesar da bem-sucedida carreira como arquiteta, sempre quis ter um restaurante", conta o engenheiro Victor Hugo Mazon de Oliveira. Ele e a namorada Letícia Weiller tinham alugado um prédio para os escritórios e, depois, resolveram alugar o resto do prédio para montar o restaurante sonhado pela arquiteta.
"Não tínhamos pensado em franquia, mas vários fatores contribuíram, como o fato de sermos os profissionais de engenharia e arquitetura que construíam as franquias da Pamonhas do Cezar e já tínhamos boa relação com o Cezar e isto facilitou muito".
Não se pode dizer que tudo foi muito tranquilo para Letícia e Victor. Faltando uma semana para abrir a loja, no ano passado, estourou uma greve de professores estaduais e a UEM ficou praticamente fechada por dois meses, esvaziando a Zona 7 e seus barzinhos e restaurantes. O Cebeja e o Colégio Santa Maria Goretti, também próximos, também não tiveram aulas durante a greve.
Já por esta época o País estava mergulhado em uma crise político-econômica. "Há franquias excelentes, outras péssimas, depende do proprietário, pois alguns só querem ganhar e sacrificam que está na outra ponta", diz Oliveira, lembrando que o fato de a pamonharia ser uma franquia regional ajudou muito, é mais fácil negociar com um franqueador que está vivendo os mesmos problemas, conhece as peculiaridades da cidade.
Hoje, as primeiras dificuldades já estão superadas e a franquia da Paranaguá está consolidada, a pouco mais de 100 metros da casa em que Victor nasceu e cresceu.