Depois de encarar uma aula no curso de Comunicação e Multimeios da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a estudante maringaense Carolina Steinke pegou sua máquina fotográfica analógica e resolveu se embrenhar pelos cantos da universidade. Foi parar no horto de plantas medicinais. Ao lado de um amigo, também empunhando uma câmera analógica à caça de sussurros da natureza, ela mirou para o sol das cinco e pouco da tarde que penetrava nuvens e tingia uma das tantas árvores da UEM.
Enquadrou o conglomerado de nuvens, flertou com uns galhos da árvore, e não deu muita bola para o que havia ali. Dias depois, revelou o punhado de fotos numa das poucas empresas que ainda prestam esse tipo de serviço na cidade, à beira da Praça Rocha Pombo, e gostou do efeito meio surreal, mesclando verde, amarelo, vermelho e preto, que a imagem trazia.
"Usei um filme Revolog, de uma empresa vienense, que é manipulado através de um processo artesanal. Quando você tira uma foto, ela sai com alguns efeitos: você nunca sabe como ela realmente sairá", comenta Caroline.
Recentemente, quando viu na internet um concurso promovido pela Revolog, não pensou duas vezes: encaminhou a foto do céu maringaense. O resultado? Entre alemães, austríacos, fotógrafos do mundo inteiro, foi selecionada por um júri composto pelos diretores da marca e, num segundo momento, foi eleita em votação aberta na internet como a melhor foto na categoria "color", uma das doze do concurso.
"Ter esse reconhecimento lá fora é ótimo. Sempre gostei disso, sabe? Desde os 15 anos, só gosto de fotografar usando máquinas analógicas. Não sinto a mesma emoção ao registrar os momentos em câmeras digitais", observa a fotógrafa, que embolsou alguns filmes da marca vienense e exemplares de um calendário que estampará as doze imagens vencedoras.
Toda retrô
Embora tenha apenas 21 anos, Carolina tem uma rotina mais antigona. Até faz uso, eventualmente, de uma câmera digital. Mesmo em baladas no final de semana, ela prefere as inseparáveis comparsas analógicas, que vivem espalhadas pelos cantos da casa. "Tenho cinco modelos diferentes", diz. Quando escuta música, nada de CD's, MP3 ou essas coisas modernetes. "O som do vinil é muito melhor", avalia, com razão. E até quando resolve mostrar o resultado de suas garimpagens fotográficas, compartilhando na rede seus olhares sobre um pedaço de céu da UEM, algumas cenas triviais que, geralmente, as pessoas não dão a mínima, Carolina hesita, um pouco, em disponibilizar tudo no Facebook.
"Se eu coloco tudo lá, muitas pessoas nem vão contemplar todas as imagens. A essência se perde. Espiam uma, duas, dão um curtir e vão logo embora. Muitas vezes, os internautas não têm tempo para apreciar a arte", observa.