O reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mauro Baesso, fez uma apresentação na Câmara Municipal, ontem à noite, sobre a precarização da universidade. Segundo ele, é preciso apoio da sociedade para que a UEM não seja inviabilizada nas próximas décadas, especialmente pela falta de contratação de professores efetivos e das travas administrativas.
Durante a fala, o reitor atentou para a importância da UEM tanto para Maringá quanto para a região. "A universidade está muito mais enraizada por aqui do que as pessoas imaginam. Temos programas para a sociedade que envolvem diversas áreas nas redes de apoio. Estamos precisando do apoio da sociedade para que isso continue sendo feito."
No alerta sobre a precarização do ensino superior público, Baesso explica sobre as travas administrativas colocadas às universidades, principalmente nos últimos dois anos. Atualmente, a verba de custeio da UEM, de cerca de R$ 13 milhões, é consumida quase que inteiramente para pagar água e luz.
"Hoje, não é possível fazer qualquer empenho sem que haja a dotação orçamentária centralizada pelo Estado mesmo que os recursos sejam gerados pela universidade", diz. "O caminho é a autonomia para que possamos fazer nosso próprio planejamento."
Além das dificuldades administrativas, Baesso alerta sobre a necessidade de contratação de professores efetivos – a última foi realizada em setembro de 2015. Hoje, a UEM conta com 400 professores temporários (com contratos de um ano renováveis por mais um) e cerca de 1,2 mil efetivos.
"Em uma visão pessimista, sem a contratação de efetivos, em dez anos a quantidade de temporários igualaria a de efetivos. Isso inviabilizaria boa parte dos 51 programas de pós-graduação que a universidade oferece atualmente", aponta. Há cursos, como a Engenharia Elétrica, segundo ele, que está formando a segunda turma e ainda não teve nenhum professor efetivo contratado.
Baesso explica ainda que não existe projeto de pesquisa sério que seja feito em um ou dois anos – tempo de contrato dos temporários. "Há projetos que são para uma vida. O professor ganha experiência ao longo da carreira. Nesse ritmo de precarização, teríamos que funcionar pelo modelo de remuneração por aula dada, quando precisamos de profissionais com dedicação exclusiva."
Outro lado
De acordo com o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Carlos Gomes, é compreensível a preocupação do reitor da UEM. Ele disse acreditar, porém, que "não há nenhum risco" de não ocorrer contratação de efetivos nos próximos anos. "Zeramos os pedidos em 2015 e já vieram novos. Estamos passando por um momento de contenção. Durante 2017 e 2018, trabalharemos para novas nomeações."
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