Nesta semana, a Universidade Estadual de Maringá fez a entrega de quatro certificados de patentes obtidas nos últimos três anos, seis certificados de registro de software e um de marca. Ao todo, a universidade tem 100 registros de depósito de patentes, dos quais dez foram concedidos.
A entrega foi feita durante uma solenidade no auditório do Núcleo de Inovação Tecnológica, em comemoração também ao Dia Mundial da Propriedade Intelectual (celebrado anualmente no dia 26 de abril). Além da entrega dos certificados, pesquisadores de Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) fizeram palestras e workshops.
Entre os inventores que receberam as cartas-patente, poucos ainda mantém vínculo com a UEM, pois o processo de análise dos pedidos é muito longo. O professor Jorge Nozaki, na época integrante do departamento de Química da universidade, que foi um dos inventores do processo de obtenção de quitina e quitosana utilizando crisálidas do bicho da seda, morreu antes de receber o certificado.
Já os certificados de registro de software, que são mais rápidos, também tem um número maior de concessões: todos os 13 registros solicitados foram concedidos. Sete das sete marcas apresentadas pela universidade também foram aprovadas pelo Inpi.
Barra de cereal
Uma das novas cartas-patentes diz respeito ao processo de obtenção de barra de cereal utilizando casca de frutas e sementes de linhaça. Os inventores envolvidos são Nilson Evelázio de Souza, Makoto Matsushita, Jesuí Vergílio Visentainer, Adriana Nery de Oliveira e Maria Cristina Milinsk, professores do Departamento de Química da UEM e ex-alunos do Programa de Pós-Graduação.
A ideia deles foi desenvolver uma barra de cereal à base de ingredientes funcionais que colaborassem para melhorar o metabolismo e prevenir problemas de saúde. A proposta foi utilizar cascas de frutas brasileiras, linhaça e produtos de soja como componentes, tornando o produto atraente e economicamente viável com reaproveitamento de material que normalmente vai para o lixo.
“Indústrias de sucos, compotas e outras empresas que tenham frutas como matéria-prima podem aproveitar o resíduo para a produção das barras. Além disso, as cascas são ricas em sais minerais, vitaminas e antioxidantes, que previnem o processo oxidativo do organismo que causa o envelhecimento precoce e outras doenças degenerativas”, atesta Jesuí Vergílio Visentainer.
O grupo procurou desenvolver um produto de baixo custo e com ingredientes importantes para o bem-estar do organismo humano, além de ser rico em fibras, como as barras que estão disponíveis hoje no mercado.
Um diferencial importante do alimento criado pelos pesquisadores da UEM é a inclusão da semente de linhaça, que apresenta o ácido graxo essencial ômega3, benéfico para diversas funções no organismo.
Plantadora de cana
A UEM ainda recebeu carta-patente pela invenção da Plantadora automática de cana picada, desenvolvida por Ricardo Rogério de Santana, Fábio Lúcio Santos, Carlos Vinicius Amadeo Rosin, Darlan Roque Dapieve, Jean Rodrigo Bocca, Henrique Naioti Hiracava e Rodrigo da Silva Corral, professores do Departamento de Engenharia Mecânica e ex-alunos do curso de graduação.
A ideia de criação do equipamento foi impulsionada principalmente pelo crescimento do plantio de cana-de-açúcar em regiões não tradicionais, onde há falta de mão de obra e consequentemente a necessidade de mecanização do plantio. De acordo com o professor Jean Rodrigo Bocca, o plantio mecanizado oferece maior rendimento e facilidade de planejamento, que pode ser realizado em período integral, diurno e noturno, garantindo economia no tempo demandado para a atividade.
Arrastada por trator, a plantadora abre dois sulcos para depositar primeiro o adubo e em seguida os rebolos de cana (cana picada). Na sequência, é feita a cobertura e a compactação do sulco.
Denominada "PCAMEC-2L", a plantadora tem duas linhas de plantio, com dois adubadores do tipo rosca sem fim.
O controle das correias transportadoras, o fornecimento de adubo, a profundidade de sulcação e o fundo basculante são realizados por sistemas hidráulicos, por meio de um módulo lógico com comandos em um painel de controle disposto junto à cabine do trator.
A capacidade de carga de cana picada é de aproximadamente 8 mil quilos (23 m3), sustentada com quatro pneus de alta flutuação, com rodas, montadas em eixos com sistema tanden no rodado traseiro e dois pneus no rodado dianteiro
Bicho-da-seda
O INPI também concedeu patente ao processo de obtenção de quitina e quitosana utilizando crisálidas do bicho-da-seda como matéria prima. A quitina e a quitosana são um polissacarídeo que pode ser usado na medicina, farmácia, produção de géis e hidrogéis, tratamento de efluentes e água, entre outras aplicações. Os inventores são Jorge Nozaki, Alexandre Tadeu Paulino e Julliana Izabelle Simionato. Nozaki foi professor do Departamento de Química e faleceu há cerca de doze anos. Dessa forma, a entrega da carta-patente foi in memorian. Os outros dois inventores foram alunos de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Química, sob orientação de Nozaki.
Hidroxiapatita e osso de peixe
A quarta carta-patente foi obtida pelo Processo de Obtenção de Hidroxiapatita via Calcinação do Osso de Peixe, pesquisa dos professores Wilson Ricardo Weinand e Walter Moreira Lima, ambos do Departamento de Física. Utilizando a técnica de calcinação e o osso de peixe como matéria-prima, esse novo processo para a obtenção de hidroxiapatita consegue obter um material natural de forma mais rápida e a um custo mais vantajoso.
Formado basicamente por fosfato de cálcio, a hidroxiapatita é um mineral importante no combate à osteoporose.
Software e marca
Entre os softwares que terão o registro de patente entregue está o PETri - Programa de Escalonamento de Tripulação de Transporte Público Urbano. O programa foi desenvolvido pelos professores Ademir Aparecido Constantino e Rubens Zenko Sakiyama, dos departamentos de Informática e Engenharia Química.
Segundo Constantino, ele é resultado da investigação realizada durante o curso de mestrado de Rubens Sakiyama, que pesquisou técnicas computacionais para automatizar e otimizar o escalonamento de trabalho de motoristas de ônibus do transporte urbano.
O software pode auxiliar empresas da área, reduzindo o custo do sistema e automatizando a produção das escalas que geralmente é realizada manualmente. Os dados de entrada são todas as viagens realizadas durante um dia útil.
Já, a marca que obteve o certificado de registro do INPI é a da Conseq - Empresa Júnior de Soluções em Engenharia Química.