Parar de fumar não é fácil. Não existe receita para eliminar o hábito, mas remédios e apoio psicológico podem ser o caminho para se livrar da nicotina. O Projeto Tabagismo da Universidade Estadual de Maringá (UEM) é prova de que é possível. Os dados apontam que nove em cada dez participantes conseguem largar o vício em cerca de um mês.
O funcionário público Marcos Paulo, 31 anos, foi fumante por 14 anos. Ele consumia cerca de 60 cigarros por dia. Mesmo desacreditado, em 2014 resolveu apostar no projeto e considera o dia em que parou com o vício como seu segundo aniversário. "Foram várias tentativas, todas sem êxito, mas depois dos encontros nunca mais coloquei um cigarro na boca."
A iniciativa funciona há 17 anos na UEM e já atendeu mais de mil pessoas. O primeiro passo dos inscritos é entender o que a nicotina provoca no organismo. "A fumaça contém milhares de substâncias cancerígenas. Quando a nicotina entra na corrente sanguínea passa a ter acesso a todo o organismo, se tornando uma verdadeira bomba e causando várias doenças", explica o doutor em anatomia humana e coordenador do projeto, Celso Conejero.
Os inscritos participam de nove encontros e no quarto a maioria consegue parar de fumar. Eles recebem instruções de psicólogos, médicos, assistentes sociais, nutricionistas e dentistas. "A equipe é grande e cada caso é analisado individualmente. Caso a dependência seja muito forte, são ofertados medicamentos que colaboram para a superação da fissura", esclarece Conejero.
A procura pelo projeto vem aumentando ano a ano. Isso porque o hábito de fumar não é mais visto como antigamente, quando a prática era considerada sofisticada. O Ministério da Saúde mostra que o número de fumantes no Brasil caiu em 33,8% em 10 anos.
Mesmo assim, o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado ontem, por ocasião do Dia Mundial Sem Tabaco, lembrado hoje, mostra um número preocupante: mais de 7milhões de pessoas morrem a cada ano no mundo por causa do consumo de tabaco.
Conforme o relatório, a nicotina mata metade das pessoas que consome o produto. O hábito pode causar diversas doenças. As mais frequentes são cardíacas, circulatórias e câncer. "As substâncias químicas presentes no cigarro causam uma série de efeitos irritantes ao organismo. O consumo lesiona os alvéolos pulmonares e suprimem sua quantidade. Consequentemente, o fumante pode ter câncer de pulmão e em outros locais", explica o cardiologista Wanderley Cadamuro.
Rafael Cheder, 27, deu um basta no vício depois de concluir que estava afetando a saúde e o convívio social. "Toda vez que eu fumava tinha que me afastar dos amigos, da família, da namorada, porque não gostavam do cheiro. O problema é que eu voltava para perto deles e o cheiro continuava em mim. Isso começou a me fazer mal e peguei nojo do cigarro", conta o estudante.
SERVIÇO
O Projeto Tabagismo, da UEM, atende no telefone 3011-4266. A Prefeitura de Maringá também oferece tratamento para fumantes. Basta procurar a unidade básica de saúde mais próxima de casa. Todas oferecem tratamento e apoio psicológico.