De 2000 a 2008, financiamento salta de R$ 17,2 milhões para R$ 100,6 milhões. País tem alta de 416%
Os investimentos em pesquisa científica no Brasil cresceram 416% em oito anos de acordo com dados do Ministério da Ciência e Tecnologia. Em 2000, o país somava R$ 877,4 milhões. No ano passado, o Brasil registrou incentivo de R$ 3,6 bilhões. O Paraná teve crescimento de 585% (de R$ 17,2 milhões em 2000 para R$ 100,6 milhões no ano passado), acima da média nacional, ocupando a 8ª colocação no ranking entre os estados (ver infográfico). Para especialistas, o Brasil finalmente compreendeu o papel da pesquisa científica para o crescimento nacional. A tendência é que justamente por esse motivo os investimentos cresçam cada vez mais.
Muitas empresas, sobretudo as ligadas ao governo, apostaram em projetos científicos nos últimos anos. Exemplo disso é o apoio da Petrobras a uma pesquisa que analisa o uso do bambu para recuperar de áreas degradadas, coordenado pelo professor do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Carlos Roberto Sanquetta. A planta atua como se fosse filtro da poluição, explica. Iniciado há cinco anos, a pesquisa alavancou ao receber o financiamento da Petrobras no início do ano passado. Contamos com melhores equipamentos e maior número de bolsas, o que agilizou o trabalho.
Segundo Paulo Roberto Brofman, professor e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná e presidente da Associação Brasileira de Terapia Celular, o Brasil trilha pelo caminho certo, mas precisa avançar, principalmente, na legislação de beneficio fiscal para a iniciativa privada. As empresas não recebem o devido incentivo para aplicar fundos em pesquisa. Com a modernização das leis, o salto poderia ser maior, argumenta. Para Brofman, é necessário mostrar que a pesquisa científica pode virar produção econômica. Os resultados nesse ramo aparecem a longo prazo, mas é preciso gerar mais patentes, diz.
O diretor de pesquisa e desenvolvimento da Universidade Positivo, Marco Aurélio Carvalho, tem opinião semelhante. O Brasil está em uma posição considerável quando se fala em publicação científica. Na geração de patentes, é preciso melhorar para fazer a economia girar, diz.
Universidades
Apesar do incentivo de empresas a projetos, os melhores espaços para pesquisa no país ainda se encontram nas universidades. Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos e Coreia do Sul, a maior parte das pesquisas brasileiras ocorre dentro das universidades, diz Brofman. Conforme dados do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a UEM investiu, em 2007, R$ 8,3 milhões em pesquisa científica (bolsas internas e externas e em fomento à pesquisa). A Universidade Estadual de Londrina (UEL) usou R$ 4,4 milhões em estudos. E a UFPR atingiu R$ 19,7 milhões em incentivos.
Em razão disso, as instituições de ensino são, hoje em dia, o campo de trabalho dos doutores brasileiros. Um pesquisador doutor que não está na carreira universitária tem pouca chance de praticar hoje o que aprendeu, relata Brofman. Quando empresas investem ou firmam parcerias com universidades, criam laboratórios e abrem oportunidades para o desenvolvimento.
Não é possível ter ensino de qualidade na graduação sem pesquisa científica, defende Waldemiro Gremski, diretor de pesquisa e pós-graduação da PUC. Ela obriga os professores a estarem atualizados e permite o intercâmbio de opiniões com outros pesquisadores. Esse conhecimento é passado para os estudantes. Por esse motivo, a UFPR oferece ensino de tanta qualidade.