O mercado municipal de orgânicos de Curitiba (anexo ao Mercado Municipal),
inaugurado recentemente e pioneiro nesse gênero no Brasil, vai servir como um
alento a mais para o produtor rural desse tipo de produto. Com esse espaço
permanente, os alimentos orgânicos, que geralmente custam em média 30% a mais
que os convencionais, poderão ter um preço mais competitivo, uma vez que os
agricultores poderão vender diretamente para o consumidor.
O coordenador
estadual de olericultura e agricultura orgânica do Instituto Paranaense de
Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Iniberto Hamerschimidt, revela
que o mercado vai ajudar muito esses produtores. Segundo o coordenador, o Paraná
é o campeão nacional em agricultores de alimentos orgânicos. Em 2007, os 5.300
produtores utilizaram 12.720 hectares e a produção total foi de 107.230
toneladas.
"O Paraná responde por 27% dos agricultores de orgânicos no Brasil. Por aí, já se vê a importância que esse mercado vai trazer a essas pessoas, que praticam a agricultura familiar. Os seus produtos só poderiam ser encontrados em redes de supermercados, lojas especializadas e feiras livres e custam mais porque exigem mais trabalho e ainda têm que passar por atravessadores", avalia. Ele revela também que o setor vem aumentando e a produção, de 2006 até 2007, cresceu 15% e que a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) é o grande destaque nessa modalidade, responsável por 60% das hortaliças vendidas no estado.
Além de se tornar um espaço permanente, o mercado municipal de orgânicos de
Curitiba servirá também como um canal de negociação entre os produtores. "Por
exemplo, quem produz frango orgânico poderá negociar diretamente com quem planta
milho orgânico para fornecimento de ração", informa o coordenador. Ele diz ainda
que o consumidor irá se beneficiar desse espaço, pois vai poder encontrar esses
alimentos em um lugar central e em qualquer dia da semana e acredita que haverá
um bom movimento.
A produtora e presidente da Associação dos Produtores
Orgânicos de Campo Largo (Prodorgan), Marilda Pianaro, está bem otimista em
relação ao espaço. Ela diz que os produtores esperavam há anos poder contar com
um lugar permanente para a venda de seus produtos. "Isso vai ajudar bastante
tanto a gente quanto os clientes. Poderemos oferecer um produto de boa qualidade
a um preço mais acessível, sem deixar de ganhar por isso. Em alguns casos, como
a cenoura, beterraba e berinjela, os preços ficarão iguais aos convencionais.
Outros, como a alface, serão até mis baratos", afirma.
Ela comenta que
nesse início de atividade o movimento é razoável, mas acha que a tendência é de
crescer bastante. "As pessoas estão olhando, conhecendo o lugar. Acredito que
estão analisando os produtos, buscando mais informações. Em breve, porém, estou
certa que eles vão passar da condição de visitante para se transformar em
cliente", encerra.
Pesquisa endossou criação de novo espaço
Para que o Mercado Municipal de Orgânicos de Curitiba saísse do papel, foi
necessário uma extensa pesquisa para saber se o espaço teria uma demanda
suficiente que justificasse a sua abertura. De acordo com o diretor da
Secretaria Municipal de Abastecimento (Smab), Luiz Gusi, os estudos começaram a
se desenvolver em 2006. "Certificamo-nos de todos os cuidados para saber se o
projeto agregaria valores e se as pessoas teriam o interesse de frequentar esse
espaço. Como é um setor que vem crescendo muito, surgiu esse interesse", diz
Gusi.
A pesquisa mostrou existe em Curitiba e Região Metropolitana 507
mil pessoas em potencial para frequentar o espaço. Destes, a expectativa é de
que pelo menos seis mil possam se tornar clientes assíduos. "Foi revelado que
80% dessas pessoas têm mais de 40 anos, 64% são mulheres e 63% casados. A
conclusão é de que a compra não é apenas para um indivíduo, mas sim para toda
família. O que também nos chamou a atenção foi de que 72% dos entrevistados
realizam compras semanalmente, o que significaria que haveria uma boa demanda
para atende-los", explica.
Foi verificado ainda que quem passa a comprar
verduras, legumes e frutas orgânicas, a tendência é de que ele comece a consumir
outros produtos orgânicos. "Detectamos que essas pessoas não conseguem encontrar
carne, leite e derivados, entre outros alimentos orgânicos, com facilidade. O
mercado então vai suprir essa dificuldade, pois aqui ele irá encontrar essas
mercadorias."
O exemplo de Curitiba já chamou a atenção do Rio de
Janeiro. Segundo o diretor, um grupo teve interesse na idéia e espera levar para
a capital fluminense. "Se o mercado der certo aqui, possivelmente haverá um
mercado de orgânicos no Rio. Eles gostaram muito da idéia", revela.
Universidade Estadual de Maringá ajudará municípios
Os municípios de Diamante do Norte, Porto Rico e Marialva, no noroeste do Estado, vão receber ajuda da Universidade Estadual de Maringá (UEM) para aprimorar a produção de mel e própolis orgânicos. O objetivo é impulsionar a economia da região e ensinar aos produtores a obter outros produtos com a matéria-prima, como sabonetes e cremes. Além disso, devem inserir novos produtos orgânicos, com rastreabilidade e certificados, no mercado internacional O convênio foi assinado no último dia 7, entre a UEM, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) e as cooperativas de produção de mel, que formam o Arranjo Produtivo Local (APL) do mel do Rio Paraná. Os recursos seram repassados pela Finep para custear o trabalho da universidade.
Flávio Laginski