As vadias querem respeito. E não querem ser chamadas por outro termo. É, ao menos, o que dizem pensar as maringaenses que irão às avenidas centrais de Maringá na Marcha das Vadias, que ocorre em 10 de junho. O grupo é ligado ao Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
A estimativa é que aproximadamente mil pessoas participem da manifestação. O objetivo principal é a exposição e a tentativa de combate de vários tipos de violência contra a mulher. “Se ser vadia é ser quem você quer ser, somos todas vadias. O termo é forte, mas é pra chocar. A gente precisa dar esse susto na população para que ela acorde”, afirma uma das organizadoras do evento Camille Balestieri.
Camille ressalta que Maringá é vista como cidade e modelo e, por isso, acaba “ocultando a violência”. “Lutamos contra qualquer tipo de machismo e violência contra mulher. Não queremos mais ver estupros os estupros que acontecem frequentemente em nossa cidade. Queremos, ainda, mostrar que pequenas violências, como piadinhas de mal gosto, também machucam”, explica a estudante. Em 2010, conta ela, 72 mulheres foram violentadas no Município.
Outras reivindicações da Marcha das Vadias de Maringá são legalização do aborto e a criação de creches para as mães que estudam nas universidades locais.
A organizadora da marcha convida todas as mulheres maringaenses para que participem da mobilização. “Espero que a mulher de Maringá se mostre, se manifeste. Ela precisa se mostrar, denunciar. Esperamos que mães, donas-de-casa e mulheres mais velhas em geral também estejam conosco. É por elas que nós lutamos”.
Feminismo
O movimento feminista vem crescendo em Maringá nos últimos anos, segundo as organizadoras da marcha – a mobilização é prova disso. Para Camille, o crescimento segue a tendência do Município, que passa por uma fase propícia para o surgimento de manifestações sociais, seja de que tipo for. “Maringá tem passado por um momento muito bom. Estamos vendo várias manifestações importantes. O feminismo é uma delas. Vamos seguir lutando pela igualdade das mulheres”, afirma.
Trajeto
O trajeto da Marcha das Vadias vai ser o mesmo que os participantes da Parada Gay de Maringá realizaram no dia 20 de maio , quando ocorreu o evento - o início da caminhada é no Centro de Convivência Renato Celidônio, ao lado da Prefeitura de Maringá. Os manifestantes seguem, a pé, pelas avenidas XV de Novembro, Duque de Caxias e Prudente de Moraes e chegaram ao Estádio Willie Davids, onde a festa se assenta.
Surgimento
A primeira Marcha das Vadias surgiu em Toronto, no Canadá, em 2011. Após uma série de estupros ocorridos na universidade local, um policial, convidado para orientar sobre segurança, disse que as mulheres poderiam evitar o estupro se “não se vestissem como vadias”. A declaração gerou indignação e diversos protestos, que acabaram culminando na primeira manifestação.
Vinte cidades organizaram marchas próprias este ano no Brasil. No último sábado, o protesto ocorreu em Londrina.
http://www.gazetamaringa.com.br/online/conteudo.phtml?id=1262434