Ela já sabia. Depois de realizar o vestibular da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a maringaense Flávia Rocha Neroni, 20, não aguentou a curiosidade e corrigiu as provas que havia feito. Ainda sem a nota da redação, a mãe de Gabriel, 11 meses, alcançou 467 pontos e teve uma certeza: estava aprovada em medicina.
Não sabia, porém, que os 101 pontos alcançados na redação lhe renderiam o primeiro lugar geral no Vestibular de Inverno da UEM. Ela fez 568 pontos no total. “Na hora [da correção do gabarito] pensei que tinha passado”, recordou. Ela fez 440 pontos sem a redação na metade do ano passado e não conseguiu a vaga.
A aprovação foi o resultado da conciliação entre as duas “profissões” que exercia: estudante e a de ser mãe. “Tenho muita ajuda dos meus pais, dos irmãos e do namorado. Eles sempre me apoiaram e cuidaram dele [filho] enquanto eu estudava”, recordou Flávia, que aproveitava a hora do almoço para ficar com o pequeno Gabriel.
O ritmo de estudos sempre foi puxado. Contando com os momentos em que estava no cursinho, eram aproximadamente 15 horas de estudo. “A prova foi feita para mim [risos]. Todo semestre tinha algo que não conseguia ir bem e a nota diminuía.”
O desafio teve ótimo resultado e o tempo que faltou durante os estudos agora será aliado. Antes do início das aulas, em fevereiro ou março de 2013, ela terá pouco mais de seis meses de descanso. “Penso em fazer academia, estudar alguma língua estrangeira, jogar tênis e até fazer natação com o Gabriel”, apontou.
Dicas
Os 365,6 candidatos por vaga no curso deste ano de medicina não assustaram Flávia. Apesar de o concurso ter sido o mais concorrido da história do curso na UEM, ela sabia no que precisava melhorar para alcançar a vaga.
Agora aprovada, Flávia não viu problemas em citar dicas para os próximos candidatos a uma vaga no curso. “Sei muito bem como é não passar. O importante é melhorar o que está faltando e cobrir os defeitos. Eu observava onde estava pior e estudava mais sobre aquilo”, disse. “Mesmo assim não dá para deixar de estudar outras matérias. O importante é nunca desanimar.”