Uma obra que há 18 anos custou R$ 1 milhão e deveria ser o ponto de
partida para o fortalecimento da pecuária na região hoje não passa de um
monte de escombros em um matagal. O abatedouro de bovinos construído em
Sarandi nunca chegou a ser usado.
O prédio foi abandonado assim que a construção terminou. Transformador
de energia e parte da fiação elétrica foram furtados. Telhado, vidraças,
portas, instalações hidráulicas, cerâmica e madeira desapareceram.
Mesmo depois de abandonado, o matadouro foi disputado por igrejas – que
pretendiam instalar instituições de recuperações usuários de drogas –,
ONGs e cooperativas. Este ano, representantes do curso de Zootecnia da
Universidade Estadual de Maringá (UEM) tentaram requisitar o espaço para
criação de tilápias, mas a ideia não prosperou.
Há 4 anos, depois de uma denúncia feita pela ONG Brasil Fauna e Flora
Transparência Aqui, o Tribunal de Contas do Paraná (TCE) condenou o
município a devolver o dinheiro
que recebeu do Estado, mas recursos da prefeitura impediram o
ressarcimento. O TCE, então, recomendou o aproveitamento da área com
outros fins, o que também não aconteceu.
O abatedouro foi construído com recursos do Estado e contrapartida da
prefeitura. O projeto foi executado na primeira administração de Milton
Martini, que chegou a inaugurar a obra. O prefeito seguinte, Júlio
Bifon, disse que a prefeitura não tinha como bancar o funcionamento.
"O dinheiro da arrecadação era destinado à educação e à saúde, e
preferimos repassar a administração do matadouro a algum interessado,
mas não conseguimos."
Em 2008, o TCE exigiu que a prefeitura desse destinação ao local.
Segundo o então corregedor-geral do TCE, conselheiro Caio Nogueira
Soares, houve "evidente prejuízo aos cofres públicos, já que o dinheiro
do contribuinte foi investido e o bem não foi utilizado."
O atual prefeito, Carlos Alberto de Paula Júnior (PDT), chegou a
repassar o terreno para a Casa de Recuperação Nossa Senhora da
Esperança, mas até agora nada foi realizado.