A federalização das universidades estaduais paranaenses é apontada como uma solução viável para garantir ensino fundamental e médio de excelência, em todo o Paraná. Por ano, as sete instituições mantidas pelo Estado consomem R$ 1,4 bilhão, conforme dados da Secretaria de Estado da Educação.
Os repasses para investimento em educação para os municípios do Oeste do Paraná são insuficientes para manter as estruturas educacionais. E as prefeituras precisam suprir a ausência de recursos. “O governo estadual deixa de investir nas escolas, no ensino fundamental e ensino médio, para bancar as universidades. Essa é uma responsabilidade do governo federal. Passou da hora do governo assumir essa obrigação, para dar um alívio aos gastos do Estado. Isso possibilita uma sobra de caixa para investir na educação básica”, afirma José Carlos Mariussi, prefeito de Tupãssi, e presidente da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná).
São mantidos nas universidades estaduais do Paraná 123 mil acadêmicos. O governo paga o salário de sete mil docentes, mais 8,3 mil agentes universitários. O total do orçamento comprometido é de 6%. O alto investimento em ensino superior reflete também na indústria e no comércio. A oferta de cursos de qualificação acaba em segundo plano, deixando uma defasagem grande no mercado de trabalho. “Ao governo federal deve ficar a despesa de ensino superior. O Estado teria mais fôlego para investir, mesmo no ensino médio, cursos técnicos para o desenvolvimento profissional. Já na formação obrigatória deveriam focar na profissionalização. Sofremos com a falta de mão de obra qualificada” diz José Torres Sobrinho, presidente da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel).
Em Foz do Iguaçu, o orçamento anual da educação é de R$ 100 milhões. O município também necessita de maior apoio da União para manter a educação básica e programas de incentivo a profissionalização. “O sistema federativo passa por uma crise. Há um longo tempo não há compartilhamento das responsabilidades. Há um acordo das obrigações, no entanto, sobre a questão financeira não. Isso implica na perda da autonomia, e os municípios não conseguem superar as responsabilidades”, afirma Reni Pereira, prefeito de Foz do Iguaçu.
Reitor discorda, mas defende maior repasse de verbas federais
A Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) é considerada a terceira maior do Estado, atrás apenas da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e da UEM (Universidade Estadual de Maringá). São 12 mil acadêmicos de graduação 3 mil de pós-graduação.
O custeio anual da estrutura com uma abrangência de 94 cidades, 52 no Oeste e 42 no Sudoeste, é de R$ 200 milhões, além de mais R$ 50 milhões destinados a manutenção do HU (Hospital Universitário).
O reitor Paulo Sérgio Wolff discorda de uma federalização das universidades estaduais. Mas concorda que a União deveria contribuir com mais recursos para manter o ensino superior paranaense. “O Paraná construiu as universidades gradativamente e elas participaram ativamente do desenvolvimento do Estado. No entanto, devemos cobrar um repasse financeiro maior do governo federal, para ajudar em investimentos. Precisamos unir forças de deputados e senadores para sensibilizar a União, que apesar de bancado pelo Estado, o ensino superior é de responsabilidade do governo federal”, diz o reitor.
DESENVOLVIMENTO
Nas regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, a Unioeste contribui não apenas para a formação universitária, mas para o desenvolvimento das cidades. “Estamos em regiões de franco desenvolvimento, que precisam da universidade. Para as universidades estaduais, o governo federal deve auxiliar em repasses para melhorias de manutenção”, finaliza Paulo Sérgio Wolff.