"5, 4, 3, 2, 1... Fora!". A contagem regressiva, feita em coro pelo público, seguida de vaias, foi um dos pontos mais quentes na noite de ontem, durante apresentação de propostas para a transposição da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Quem se mostrasse favorável à obra terminava vaiado.
Foram apresentadas duas alternativas, ambas para
prolongamento da Avenida Herval, cruzando a parte mais ao leste do
campus. No encontro, no Bloco C67, o discurso da maioria foi para que
nenhuma das duas opções saiam do papel.
A reunião foi de caráter
consultivo, e a impressão do público - no caso, a rejeição das propostas
- será levada agora para a reitoria. Pouco mais de cem pessoas, a
maioria alunos - alguns com nariz de palhaço -, acompanharam a a
apresentação, que foi seguida da abertura de espaço para propostas e
impressões.
O maior alvo dos apupos foi o assessor para Assuntos
Comunitários da Prefeitura de Maringá, Miguel Grillo. Ele pediu a
palavra para defender a utilidade que a obra terá para o escoamento do
tráfego, mas conquistou a antipatia do público ao contrariar um
professor do curso de Geografia. Minutos antes, o professor havia falado
que a coleta de dados da estação climatológica estaria preservada se o
arruamento estivesse a mais de 100 metros do prédio. Grillo disse que
todos haviam visto, minutos antes, que hoje a estação está a 29 metros
da rua. Além de ser hostilizado, teve o cabo do microfone desconectado
da aparelhagem por um estudante.
Entre os contrários à transposição da UEM está o coordenador da
estação climatológica, o professor Hélio Silveira. Ele disse que foi
esta semana ao Ministério Público para denunciar que o projeto de
construção de uma avenida no campus vai contra os critérios mínimos da
Organização Meteorológica Mundial. "A proximidade das ruas iria
comprometer todos os dados", disse ao microfone. "São 33 anos de dados.
Não é como um móvel. Se mudar a estação 1 metro dali, perdemos a
continuidade dos dados", afirmou. Os trabalhos da comissão da UEM, que
alterou o projeto da prefeitura para minimizar os impactos na estação
climatológica, começaram em 22 de fevereiro.
A apresentação das
propostas, feita pelo prefeito do campus, Igor Valques, mostrou que,
segundo a comissão, o traçado do contorno leste "minimiza o impacto na
UEM, retira o tráfego pesado de dentro do campus, praticamente não
secciona a universidade e garante a permanência da estação climatológica
nas atuais condições."
Caso, ao final de todas as etapas, a UEM
aprove a construção do contorno leste, a doação de terras ainda
dependerá de aprovação por meio de votação de projeto de lei na
Assembleia Legislativa do Paraná, e aprovação de financiamento pela
Caixa. "Não é um processo rápido", avaliou o secretário municipal de
Planejamento Urbano, Laércio Barbão.
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