Mais dois produtos desenvolvidos por
pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) tiveram patentes
concedidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
Até o momento, a Universidade tem quatro produtos patenteados. Uma das
novas patentes foi dada ao processo de fabricação de uma farinha a
partir de carcaça de peixe, mais nutritiva que as usuais, que pode ser
utilizada em biscoitos, salgadinhos de milho, bolos, macarrão, pão de
mel e bolachas. A outra foi recebida pelo processo que usa fungo para
descoloração de corante reativo, encontrado em efluentes têxteis, como
lavanderias.
O reitor Júlio Santiago Prates Filho
destaca que as novas patentes colocam o conhecimento gerado na
universidade a serviço do bem estar da população. Ele avalia que o
número de pedidos de patentes feitos pela UEM em seus 43 anos de
existência mostra o grau de inserção tecnológica da instituição no
desenvolvimento do Paraná. São 77 pedidos, incluindo as quatro já
concedidas. As duas primeiras foram para o Processo de Fracionamento dos
Componentes das Folhas da Stevia Rebaudiana (Bert.) Bertoni, em janeiro
de 1989, e para o Desenvolvimento de Vidros Especiais para a Construção
de Lasers Visando Aplicação na Área Biomédica, em Cirurgias, concedida
em 2007.
A diretora de pesquisa da UEM, Valéria
Domingos Cavalcanti, destaca o lado inovador das pesquisas, que trazem
soluções mais práticas e mais econômicas, devolvendo à comunidade o
investimento feito na universidade. Ela lembra que essas conquistas são
fruto de muitos anos de trabalho, de integração de pesquisadores dos
mais diferentes níveis, desde a iniciação científica até pesquisadores
de reconhecimento pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), que atuaram de forma multidisciplinar. “É desta
forma que a UEM vem vencendo os desafios de estar fora do eixo Rio/São
Paulo. Nosso potencial humano tem algo de especial que se reflete em
conquistas como essas patentes e reforça a vocação da Universidade de
trabalhar arduamente para contribuir de forma relevante para a
sociedade”, ressalta.
EQUIPES - O Processo de
Obtenção de Farinha a partir de Carcaça de Peixes, coordenado pela
professora Maria Luiza Rodrigues de Souza, do Departamento de Zootecnia,
permite a inserção dos benefícios do peixe no cardápio de crianças,
normalmente arredias ao consumo desses pratos.
Ela
explica que testes realizados com crianças verificaram a boa aceitação
de petiscos feitos com a farinha de peixe. “Outro público beneficiado é o
de idosos, que encontram dificuldades nas espinhas dos pescados. A
adição de uma pequena quantidade da farinha de peixe enriquece o
alimento com cálcio, fósforo, ferro, proteínas, e especialmente o ácido
graxo ômega 3”, disse. Além da professora Maria Luiza, o grupo de
pesquisa é composto pelos professores Jesui Visentainer, Antonio
Monteiro, Jane Mikcha, Edna Oliveira, Eliane Gasparin e acadêmicos.
Já
o Processo para Descoloração de Corante Reativo por meio de Ação de
Agente Microbiológico, coordenado pela professora Célia Regina Granhen
Tavares, do Departamento de Engenharia Química, promove muitos
benefícios não só aos que se utilizam do corante como também à natureza,
pois os resíduos são tratados com agente biológico encontrado na
natureza e que produz menos lodo. Célia Regina lembra que o tratamento
dos resíduos descoberto pela UEM é feito somente com o fungo, gerando
economia por não usar tantos reagentes químicos e produzindo lodo
biodegradável, que pode, inclusive, ser utilizado para adubação de
plantas. Também participaram da pesquisa a professora Sandra Maria Gomes
da Costa, do Departamento de Biologia, a então doutoranda em Engenharia
Química e agora integrante da Esfera Ambiental, Alessandra Zacarias dos
Santos, e o mestre em Engenharia Química José Maximiano Cândido Neto.
PIONEIRISMO
- A primeira patente obtida pela UEM, desenvolvida pelos pesquisadores
Mauro Alvarez e Amaury César Cruz Couto, fez com que a instituição se
tornasse pioneira, no Brasil, nos estudos tecnológicos de adoçantes a
base de Stevia rebaudiana, planta nativa da região fronteiriça entre o
Brasil e o Paraguai.
As propriedades adoçantes
dessa planta se devem às substâncias presentes nas folhas, denominadas
de glicosídeos, entre os quais o Esteviosídeo e o Rebaudiosídeo A, são
os mais importantes. O Núcleo de Estudos de Produtos Naturais (Nepron)
desenvolveu uma pesquisa, há alguns anos, com o objetivo de selecionar
plantas com alto teor de Rebaudiosídeo A. Trata-se de um componente mais
doce, mais solúvel e que apresenta o menor residual amargo, sendo,
portanto, o produto da estévia de maior interesse para as indústrias de
produtos dietéticos.
O segundo estudo, que diz
respeito a um vidro especial que transmite a radiação infravermelha em
comprimentos de ondas capaz de cortar a pele, é resultado de uma
pesquisa desenvolvida pelo professor de Física Mauro Baesso. O foco da
pesquisa é o desenvolvimento de vidros especiais para a construção de
lasers visando à aplicação na área biomédica, em cirurgias. A descoberta
abre possibilidades para obtenção de lasers de baixo custo e mais
adequados para estas aplicações porque podem emitir feixes em
comprimentos de onda da luz que são absorvidos pelos tecidos
biológicos.
http://www.bemparana.com.br/noticia/270576/uem-patenteia-mais-dois-produtos