Na
última quinta-feira (10), estudantes da Universidade Estadual de
Maringá (UEM), no Paraná, que estavam reunidos à noite no intervalo das
aulas no CA de Ciências Sociais, foram novamente intimidados por um
grupo de vigilantes da instituição. De acordo com a diretora da Sesduem,
Patrícia Lessa, os alunos foram surpreendidos pela chegada de oito
vigilantes ao local. No dia 5 de setembro, um grupo de estudantes foi
violentamente agredido por funcionários da UEM.
Após se sentir
acuado, o grupo buscou ajuda junto à Sesduem, Seção Sindical do
ANDES-SN. “Recebi a primeira de uma sequência de chamadas registradas no
meu celular pedindo socorro. Designar oito vigilantes em uma
universidade do tamanho da UEM significa acuar e ameaçar. Enquanto isso,
o restante do patrimônio público ficou sendo vigiado por quem?”,
questiona a diretora da Sesduem, Patrícia Lessa, que foi ao local junto
com a presidente da Seção Sindical do ANDES-SN, Marta Belini.
De
acordo com a diretora da Sesduem, dos oito funcionários que cercaram o
local no último dia 10, alguns estavam presentes na violência contra os
estudantes em setembro. “Liguei para muitos colegas informando o que
estava acontecendo e fomos para a UEM. Ao chegarmos, juntamente com
demais docentes que testemunharam o fato, ligamos no setor de vigilância
e nos responderam que o reitor enviou todos vigilantes para ‘cuidarem
se haveria sarau’. Tentamos ligar para o reitor, conforme consta em
nossos registros de chamada, e ele não atendeu. Como a autoridade máxima
da UEM não tomou conhecimento do fato, registraremos nossa solicitação
de pedido de ajuda externa pela integridade física dos estudantes da
universidade”, acrescenta.
Para a professora, a intimidação e a
violência física ocorrida indica a necessidade de intervenção do
Ministério Público e pedido de afastamento do reitor. “Enfim, hoje
[10/10] alunos do CA de Ciências sociais sentiram-se acuados e pediram
ajuda para docentes, ontem foram agredidos pelos mesmos vigilantes e o
reitor nunca está presente, mas sempre dizem os vigilantes que foi tudo
autorizado por ele”, denuncia Patrícia.
A diretora da Sesduem
denuncia que alguns dos funcionários, que estavam presentes nas
agressões de setembro, não poderiam estar ali, visto que foi determinado
que o plantão destes tem início às 5h e eles não poderiam trabalhar a
noite. “Ligamos para o reitor e ele novamente viajou. Ele deu a ordem à
perseguição aos estudantes e viajou de novo, deixando na mão dos
vigilantes toda a responsabilidade. A gente sabe que os vigilantes têm
culpa, mas o reitor está dando apoio. No dia 11, durante a reunião da
comissão, fomos informados que os mesmos vigilantes estavam na
administração anterior e já tinham sido proibidos de circular nesse
campus porque o histórico de agressão deles é antigo, e eles foram
trazidos pela reitoria para coibir as políticas estudantis e docentes.
Esta é uma clara posição política dessa gestão atual, que utiliza força
física para coibir manifestações”, ressalta Patrícia.
A
professora denuncia ainda que há uma ordem do reitor para que haja toda
quinta-feira o ‘plantão do sarau’. “Os vigilantes foram instruídos a
ficar no mesmo local dos estudantes e a ordem é coibir qualquer reunião
às quintas-feiras. A comissão está tomando providências e já colheu as
denúncias”, adianta Patrícia.
Ministério Público foi acionado
A
diretora da Sesduem conta que, logo após as agressões de setembro, foi
dada entranha no Ministério Público. Dentro da universidade, foi criada a
comissão de mediação de conflito. “Tivemos uma mesa de discussão com
advogado de direitos humanos, familiares das vítimas e a vice-reitora
[Neusa Altoé], porque o reitor, todas as vezes que foi chamado pela
Sesduem, estava ausente ou viajou, se isentando de qualquer
responsabilidade”, afirma Patrícia.
Segundo Patrícia, será
solicitado ao Ministério Público que a Reitoria da UEM informe
oficialmente quais eram os vigilantes escalados para trabalhar no dia 10
de outubro; qual a posição da Reitoria sobre o motivo que levou oito
funcionários a estarem trabalhando no mesmo local; quantos ficaram para
‘vigiar’ o restante do patrimônio ou quantos estavam efetivamente
escalados para atuar em 10 de outubro; informar se a comissão para
investigar as agressões ocorridas em 5 de setembro tomou ciência que os
mesmos vigilantes que atuam às 5 horas da manhã atuam também a noite;
qual o motivo para se ter vigilantes que participaram da violência
ocorrida em 5 de setembro, já que a escala deles é diurna; e qual o
motivo para ter vigilantes sem uniforme em horário de trabalho.
“A
UEM é uma universidade pública, cujo patrimônio mais importante é a
vida de estudantes. Seus familiares nos confiam a educação de seus
filhos. No entanto, estão vendo que já são muitos que foram agredidos e
ameaçados, temos que tomar medidas urgentes para garantir a integridade
física de todos”, conclui a diretora da Sesduem.
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