O preço do pão francês deve subir na próxima semana depois de ficar estacionado 1 ano. A expectativa é que o aumento de até 15% no custo farinha de trigo se reflita no preço do principal item do café da manhã do brasileiro, ao lado do leite com café.
Nas últimas duas semanas, houve alta de 7% na matéria-prima do pão, que a maioria dos comerciantes não repassou. Mas o novo reajuste de 8% previsto para dia 20 deve impactar no custo ao consumidor.A variação na cotação do dólar justifica a mudança no custo da farinha. A moeda norte-americana subiu de R$ 1,84 para R$ 2,06, entre abril e a semana passada, após 5 anos de estabilidade na casa de R$ 1,80.
João Cláudio Fragoso
Com o aumento do preço da farinha de trigo já anunciado, o pão francês deverá ficar mais caro a partir da próxima semana
Grande parte da matéria-prima usada na panificação é importada da
Argentina, Canadá, Estados Unidos e Rússia. A alta de 11,35% refletiu
somente agora no caixa da padaria e deve atingir o bolso dos clientes.
Dentre 11 estabelecimentos ouvidos pelo O Diário, apenas a Panificadora
Café Cremoso já aumentou o preço do pão. O quilo, que custava R$ 9,50,
subiu para R$ 10,00. O reajuste foi de 5,26%. A proprietária Lara
Maia informa que o preço do saco de 50 quilos da farinha aumentou 10% -
saltou de R$ 78,00 para R$ 86,00. "O que influenciou nessa alta foi a
variação do dólar que está chegando no comércio", justifica.
Outros três comerciantes dizem que vão subir, mas terão que esperar a
nova alta prometida pelos fornecedores da matéria-prima. Segundo José
Eugênio da Silva Rocha, proprietário da Marcos Padaria Gourmet, já houve
uma alta de 7% no preço da farinha. "Mas os fornecedores estão dizendo
que vem mais aumento. Vamos esperar para repassar de uma só vez",
comenta.
O empresário explica que há 4 meses, aumentou o preço
do pão em 8,4%, de R$ 10,90 para R$ 11,90, por quilo. "Eu segurei o
preço anterior por 1 ano e meio. Mas tive que aumentar por causa
reajustes com salários de funcionários, embalagens e energia elétrica.
Só o preço das sacolinhas plásticas e sacos de pão subiram 12%."
Rocha afirma que paga hoje R$ 33,00 no saco de 25 kg de farinha de
trigo. "Eu pagava R$ 30,90. Se subir para R$ 35,00 são mais 6,5% de
aumento. O total é de 13,5% e não tenho mais o que fazer", reclama.
Antônio Dias Peres, dono da Panificadora Parati, não vai conseguir
segurar o preço do pão ao valor de R$ 8,45 que prevalece há 1 ano e 3
meses.
Além da farinha, ele atribuiu a alta a outros custos que
subiram nesse meio tempo como água e aluguel. "Só a água teve alta de
23%. E não tem como repassar a totalidade desses custos, senão fica
muito caro, o povo não compra e as reclamações aumentam."
Eduardo
Fernandes Amando, proprietário da Brioche Crocante, está segurando o
preço a R$ 8,80 há cerca de 2 anos. "Teve esse aumento de 8% e tem
outra previsão de reajuste para o próximo dia 20. Só depois disso eu
vou saber o que dá para fazer. Já segurei até quando deu, mas com essas
duas altas na farinha não tem mais como".
Bairros
No
entanto, sete proprietários de panificadoras do total de 11
consultados não pretendem repassar a alta da matéria-prima num primeiro
momento. Nos comércios de bairro, a exemplo da Vila Morangueira, a
tendência é de segurar o preço do pão para manter a freguesia. O medo é
da concorrência com alguns pequenos mercados que costumam oferecer
preços mais atrativos.
Sílvio Ferrari, dono da Mentara Casa de
Pães, vai esperar a outra alta prometida pelos fornecedores antes de
tomar qualquer providência. "A farinha já subiu 7% na última compra que
fiz. E anunciaram que vem mais aumento. Talvez até passe do último
porcentual.
Essa insegurança deixa o mercado temeroso. Eu não
consigo repassar por causa da clientela, mas vai chegar uma hora que
não tem outro jeito ", conta ele, que vende o quilo do pão a R$ 6,99 há
mais de 1 ano.
Miguel Ângelo Dourado, dono da Padaria Pão
Dourado, comenta que o preço do pão está há mais de 1 ano a R$ 7,00.
Ele acredita que existe outro motivo além da alta do dólar – as
estremecidas relações comerciais entre Brasil e Argentina. Na mais
recente compra de farinha, o preço foi de R$ 61,00 (saco de 50 kg),
cerca de 5% maior ante os R$ 58,00 que prevaleceram por quase 1 ano.
"Teve a alta, mas não dá para subir. Vou esperar para ver se vem mais e
como a concorrência vai se comportar. Hoje, o comerciante está assim:
segurando preço para não perder cliente", afirma.
José dos
Anjos, da Panificadora Pão Quente, na Vila Progresso, ressalta que há 5
anos vende o pão francês a R$ 7,80. "Ainda não comprei a farinha com
preço novo. Estou esperando para ver a alta, mas em bairros se subir
muito acaba não vendendo", comenta.
UEM
Na região da Universidade Estadual de Maringá (UEM), an Zona 7, a tendência é manter preço do pãozinho francês.
Segundo Márcia Regina Ferreira, gerente da Confeitaria Holandesa, o pão
custa R$ 9,50 há mais de 1 ano no estabelecimento. Ela ressalta que
ainda não recebeu o repasse do preço da farinha e que o fornecedor ainda
não comentou "nada sobre alta no valor do produto". "Para mim não
houve repasse e não vai haver repasse para o consumidor", resumiu.
Sebastião Luiz Grespan, proprietário da Café da Manhã, vende o pão
francês a R$ 7,10 há 1 ano e meio. "Vou esperar e tentar segurar. Mas se
a farinha vir com mais 8% vai ser 15% de aumento somado com o último
de 7%. Só depois do dia 20 vou decidir. Mas um pouquinho sempre sobe",
diz ele, que tem comércio na Rua Paranaguá.
SAIBA MAIS
http://www.odiario.com/zoom/noticia/577607/prepare-o-bolso-para-a-alta-nos-alimentos/