Quem já garantiu uma vaga na universidade fica mais tranqüilo para enfrentar outros vestibulares, mas nem por isso larga os estudos
Guilherme
Hitoshi Kaneko, 17 anos, já tirou um peso grande das costas: o
estudante passou em 15º lugar no vestibular de inverno da Universidade
Estadual de Maringá (UEM) para o curso de Engenharia Mecânica. Como as
aulas só começam no ano que vem, Guilherme agora encontra tempo para
outras atividades. Vou ao cinema e ao boliche com os amigos, conta
ele. Mas nem por isso vai deixar os estudos de lado: seu plano agora é
estudar o estilo e o conteúdo das provas da Universidade Federal de
Santa Catarina e da Unioeste. A prova da UFSC é somatória como a da
UEM, mas a da Unioeste é de múltipla escolha, diz o estudante.
Esse é o perfil geral dos aprovados nessa época do ano, conta Daniele Capel, coordenadora pedagógica do Colégio Sapiens, de Maringá. Os alunos não param de estudar só porque já têm uma vaga garantida. Depois que passa a euforia da aprovação, eles têm tempo para melhorar suas estratégias e se preparam para prestar vestibular em outras instituições ou para um curso mais concorrido. Eles ficam mais confiantes e motivados. É como se estivessem em um campeonato com mais de 20 pontos de vantagem sobre os adversários, compara.
O clima das aulas é mais tranqüilo no início do segundo semestre e, assim, a tendência dos alunos é relaxar por pouco tempo, segundo o professor de Química Carlos Sperandio, do Colégio Nobel, também de Maringá. O vestibulando que passa no meio do ano, com a concorrência louca da UEM, é muito dedicado e tem o hábito de estudar. Não precisa que ninguém cobre isso dele e logo volta ao ritmo normal, diz Sperandio. Eles ainda têm consciência da obrigação de ajudar os colegas que não passaram sem atrapalhar as aulas.
Com um histórico de advogados na família, José Plínio Silva Netto, 16 anos, estava muito focado em entrar no curso de Direito da UEM. Foi aprovado e conseguiu a 31ª colocação. Apesar do esforço do primeiro semestre, ele considera que não tinha a obrigação de passar agora, e por isso está mais sossegado. Os amigos perguntam por que ainda venho para a aula em vez de ficar dormindo brinca Plínio. Sua meta agora é tentar entrar no Largo de São Francisco, tradicional escola da USP, e na Universidade de Brasília, mas não se importa se não conseguir.
Autoconfiança
Para a psicóloga Luciana Abanese Valore, coordenadora do programa de orientação profissional da UFPR, o vestibular do meio do ano ajuda tanto os aprovados quanto os que não obtiveram êxito. Quem passa melhora sua auto-estima e nota que está utilizando um método adequado. Quem não passa tem tempo para fazer uma auto-avaliação e corrigir os erros, explica Luciana.
De qualquer modo, a experiência serve como um simulado para dar mais segurança para a temporada de vestibulares de fim de ano. O candidato tem a chance de sentir previamente os sintomas de aflição e ansiedade, típicos de vestibulandos, diz a psicóloga. Ela explica ainda que o aluno que relaxa e pára de estudar depois que é aprovado tem preocupação apenas com a emoção que a prova causa, e não tem consciência do que o espera no ano seguinte.
Já os alunos que não passaram logo de cara não devem se culpar tanto; afinal, apenas 50% do conteúdo do ano foi estudado em sala de aula até agora. É hora de se alegrar pelos amigos felizardos, conversar com os professores e procurar acertar as falhas do primeiro semestre. A reprovação faz com que o estudante tome consciência de que é necessário um empenho maior. O segundo semestre é uma época onde o aluno de ensino médio começa a ganhar maturidade e a conhecer suas responsabilidades, diz o professor Sperandio.